Sinopse
Londres, 1840
Ele estava com medo. Com mais medo do que já estivera em seus 24 anos de vida.
Durante dezesseis horas, afogando-se em mais uísque do que era prudente, ele rezou para que a tormenta passasse, enquanto ouvia os gritos de sua amada. Portanto, quando o silêncio finalmente chegou, achou estranho sentir que seu corpo se preenchia com um pavor inesperado. Sem tirar os olhos da porta que dava para o quarto dela, ele se sentou imóvel como a morte na cadeira de encosto reto no corredor mal iluminado. Sem conseguir fazer seus membros se mexerem, simplesmente esperou, mal respirando, ouvindo com atenção, rezando, agora que não ouvia gritos, para que o bebê tivesse nascido morto.
Mas os urros de fúria por ser forçado a sair em um mundo cruel finalmente chegaram até ele, fortes e vigorosos, e ele maldisse o céu e o inferno pela injustiça daquilo.
A pesada porta de carvalho se abriu. Uma jovem criada — droga, qual era o nome dela? Ele não se lembrava; ele não se importava — fez uma reverência breve.
— É um menino, Sua Graça.
Praguejando severamente, ele fechou os olhos. O gênero não deveria importar, mas o anúncio o atingiu como um soco forte no peito.
Depois de tirar os óculos, ele se levantou lenta e penosamente e, com pernas que pareciam não pertencer a seu corpo, arrastou-se para dentro do quarto que cheirava a suor, sangue e medo. A criança tinha parado de berrar. Envolta em um cobertor que trazia o escudo ducal, estava então aninhada nos braços de outra criada.
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